segunda-feira, 12 de maio de 2014

Mulheres Conquistam Cada Vez Mais Espaço




(*) Mara Turolla

O mundo corporativo é dinâmico. Com globalização, diversidade em pauta e a pressão por resultados e alta produtividade, novos conceitos e metodologias de trabalho chama a atenção. Nos últimos tempos, alguns temas entraram em cena, como o  Big Data e a felicidade no trabalho. Outros nem tão novos assim voltaram às discussões, como o comportamento dos jovens, a necessidade de aumentar o engajamento das  equipes, os debates sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional, custos e competitividade, estratégia para tempos turbulentos e diversidade. Mas, minha percepção é de nenhum foi tão comentado, e pensado a fundo, quanto o da participação feminina no mundo corporativo e, em especial, a presença da mulher  nas posições de liderança -  do mundo e dos negócios. Das páginas das revistas semanais às academias de negócios, fóruns e palestras, a liderança feminina (ou a ausência dela) foi o tema da vez.

Os números são reveladores. Elas são a maioria da população. Elas também têm o maior índice de conclusão em curso superior, têm as melhores notas, já registram participação expressiva em cursos de mestrado e doutorado, são indiscutivelmente mais dedicadas e entregam os resultados esperados. No entanto, apenas 3% delas chegam ao topo das organizações. Por quê? Para responder a essa pergunta que não quer calar, muitas universidades internacionais têm dedicado tempo em pesquisar a fundo esse comportamento. O objetivo é apontar, de maneira científica, os motivos de uma presença tão baixa no comando das empresas e, a partir daí, como organizações e sociedade poderão trabalhar para reverter o quadro. 

As grandes corporações estão investindo na busca de soluções. Querem de fato aproveitar melhor esse potencial humano que está sendo desperdiçado nesse momento da tão falada escassez de talentos e da necessidade de caminhos inovadores. A visão e o desempenho das mulheres fazem diferença na rotina profissional e as grandes empresas sabem disso. Uma boa parte das organizações  mais robustas e bem equipadas na área de gestão de pessoas têm investido continuamente em programas customizados de Assessment, Coaching, Counselling e Mentoring, além de treinamento em grupo para as suas líderes e profissionais mulheres com este potencial. Se tudo é uma questão de estatística, vale observar que é fato o alto índice da participação feminina no topo das empresas mais rentáveis do mundo. Essa constatação motiva  muitos a olhar a questão mais de perto.

As causas apontadas para uma ainda baixa participação feminina de maneira geral (no Brasil e no mundo) são muitas: culturais,  preconceito de segunda geração, características da personalidade feminina e sua forma de perceber o mundo, diferença de estilo entre gêneros, falta de investimento em networking e de um mentor, dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional (casamento e filhos no momento de maior velocidade da carreira), e outros aspectos. Esses motivos não afetam a todas as mulheres da mesma maneira. Muitas estão tão acostumadas à lógica masculina do mundo corporativo que nem percebem mais algumas barreiras, o que por si só já é uma barreira.

Mas as mulheres estão ganhando espaço, mesmo que aos poucos. E precisam estar atentas a alguns pontos. Se você é uma mulher e se encontrou nessas linhas, faça a reflexão a seguir:

- Autoconhecimento: é importante conhecer a fundo seus pontos fortes e fracos, suas características de personalidade e o quanto essas características são aderentes aos  desafios do mundo corporativo. Qual o significado de carreira e o que se deseja nesse campo da vida? É preciso ter um plano nessa área, focado o bastante para mantê-la no jogo e flexível, na medida adequada, para que seja possível algum ajuste na jornada até o alcance do objetivo traçado.

- Autodesenvolvimento: É fundamental observar se o topo de uma organização corresponde, genuinamente, à sua lista de desejos. Caso sim, como está se preparando para esse desafio? Como tem ampliado suas competências de liderança e relacionais? Você sabe construir e trabalhar sua rede de relacionamentos? Tem trabalhado para desenvolver um estilo de liderança que seja coerente com seus valores e não fique amarrado a estereótipos de gênero (a boazinha ou a masculinizada)? Tem desenvolvido sua resiliência e foco? Está resolvida com seu perfeccionismo e culpa, de forma a lidar de maneira mais leve com o equilíbrio dos seus diferentes papéis? Quem são seus modelos?

- Contexto: Você está alinhada com os valores de sua empresa? Como são as oportunidades dentro dela? Está atualizada com tendências do mercado e de seu negócio? A empresa na qual trabalha investe no seu desenvolvimento? Seu emprego oferece as experiências que você precisa para desenvolver suas competências? Se sim ótimo, se não, mãos à obra. Há muito a ser feito e a busca da realização pessoal e profissional é uma responsabilidade individual.

As organizações querem o talento feminino. Vão desejar e precisar dele cada vez mais.
Então, cabe a nós, mulheres que  queremos uma carreira sólida e de oportunidades ampliadas, buscar esses espaços.


(*) Mara Turolla, diretora de Coaching da Career Center.