A
cidade de São Paulo tem enfrentado dias quentes e secos no meio do inverno, mas
a chegada de uma massa de ar frio do Sul é prevista para derrubar a temperatura
e aumentar a umidade, com chuva e garoa, nos próximos dias. Essa variação
costuma afetar a imunidade de muita gente e, para quem sofre de enxaqueca, pode
representar um gatilho para crises.
“Alguns
gatilhos podem ser eliminados, mas outros não, como é o caso das mudanças
bruscas do clima. Mas existem tratamentos que podem deixar a pessoa mais resistente
a esses agentes externos”, afirma a Dra. Thaís Villa, especialista em cefaleias
e coordenadora da Clínica de Cefaleias do HCor Neuro.
Estima-se
que 30 milhões de brasileiros enfrentem a enxaqueca regularmente. Cerca de 25%
dos casos apresentam a enxaqueca com aura, sendo a mais comum a aura visual,
descrita como luzes piscando, manchas brilhantes e visão borrada, podendo
acontecer antes ou durante a cefaleia. Quando isso acontece, o risco de infarto
e AVC é três vezes maior. “Se a pessoa for tabagista e usar contraceptivo oral,
o risco dá um salto e torna-se nove vezes maior”, alerta a neurologista.
Combate às crises
O
primeiro passo para combater a enxaqueca é identificar seus gatilhos. Embora
alguns sejam mais frequentes, como estresse e jejum prolongado, eles podem
variar muito de pessoa a pessoa, por isso a avaliação clínica precisa ser bem
detalhada e individualizada. “Uma consulta sobre enxaqueca precisa ser longa e
o paciente precisa ser ouvido com atenção em todas as suas queixas, pois o diagnóstico
é clínico”, explica a Dra. Thaís.
O
objetivo é eliminar o máximo de gatilhos possível e, ao mesmo tempo, tornar o
cérebro mais resistente a eles, com um tratamento medicamentoso preventivo,
utilizando neuromoduladores, betabloqueadores e até antidepressivos. “A doença
é genética: não tem cura, mas tem controle”, afirma a neurologista.
Gatilhos frequentes
Os
gatilhos da enxaqueca costumam variar, mas existem alguns que são frequentes.
Veja a lista dos principais:
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Estresse;
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Barulho;
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Cheiro forte;
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Claridade;
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Atividade física praticada irregularmente;
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Mudanças climáticas
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Jejum prolongado;
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Mudança de rotina de sono;
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Álcool;
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Mudanças hormonais da menstruação.
Mais comum em mulheres
Estima-se
que 75% das pessoas que sofrem com enxaqueca sejam mulheres, ou seja, três
mulheres para cada homem. A grande maioria dos casos acontece em idade
produtiva, entre 18 e 55 anos. As crises costumam estar associadas às variações
hormonais, como a queda de progesterona e do estrógeno, durante o ciclo
menstrual. Por isso, o tratamento pode requerer um atendimento
multiprofissional, incluindo um neurologista e ginecologista.