50% das pessoas que sofrem com dores crônicas acabam desenvolvendo um quadro de depressão e sentimentos de desespero. A hipnose permite que o paciente redefina seu limiar de suportabilidade e o ensina a enfrentar e a reduzir a dor por meio de treino e relaxamento.
Com a
chegada do inverno, muitas pessoas sentem mais dores pelo corpo e esse é um
assunto sério já que de acordo com diversas pesquisas, 50% das pessoas
que sofrem com dores crônicas acabam desenvolvendo um quadro de depressão e o
índice aumenta para 60% se as dores forem nas costas. Dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS), afirmam que cerca de um terço da população brasileira
(60 milhões de pessoas), sofrem com dores na coluna e o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) aponta que a dor nas costas está entre as principais
causas de aposentadoria por invalidez no país. Também existem estudos que demonstram
que pacientes deprimidos sentem mais dores por estarem em um estado emocional alterado,
que favorece a percepção e a intensidade da dor. Um estudo publicado no jornal
Pain (EUA), diz que a ansiedade diminui a produção de serotonina aumentando a
sensação de dor, que pode levar à depressão, como o inverso também é
verdadeiro.
Diante de
todos esses dados e levando-se em conta que atualmente a depressão é a maior
causa de incapacitação no mundo, além de piorar o curso de várias doenças
físicas como cefaleia, dor lombar ou queixas em relação à musculatura e ao
esqueleto, é preciso dar mais atenção às técnicas como a Hipnoterapia
Cognitiva, que ajudam na redução do problema.
De
acordo com a Dra. Vânia Calazans, psicóloga clínica e especialista em
Hipnoterapia Cognitiva, todo paciente com dor crônica deve ser investigado para
depressão já que a dor crônica pode levar a sentimentos de desespero,
desesperança e depressão clínica. “Há décadas são feitas pesquisas para
entender quais os processos fisiológicos que permitem que o corpo livre-se da
dor por meio da hipnose. A teoria mais recente considera que os receptores da dor
e o Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA) - feixes de células
próximas ao cérebro - estão relacionados. Por isso, sempre que uma pessoa
passa por um processo de doloroso, ela libera cortisol, hormônio que produz o
estresse e aumenta ainda mais o quadro da dor”, explica a Dra. Vânia Calazans.
A Hipnoterapia Cognitiva somada a Terapia Cognitivo
Comportamental faz com que
o SARA induza a produção de hormônios como a Serotonina, que facilitam o bem-estar,
e o Beta-Endorfinas, ambos criam resistência e combatem a produção do Cortisol.
Estudos realizados recentemente, por meio de tomografias computadorizas,
comprovaram que a imagem do SARA se modifica do estado da dor para o de bem-estar
quando o paciente está Hipnotizado.
“A hipnose
possibilita ao paciente a capacidade de redefinir seu limiar de suportabilidade
da dor por meio de modificações no senso da percepção dolorosa e memória da
dor. O profissional que atende um paciente com dores deve ter em mente que a
dor não é somente o resultado de um estímulo sobre a terminação nervosa, mas um
processo individual que possui componentes fisiológicos, culturais, sociais,
emocionais e temporais. Com a hipnose as pessoas suportam graus de dor que normalmente
seriam insuportáveis como as intervenções cirúrgicas sem anestesia, já que a hipnose
é eficaz no alívio de dores clínicas intensas, como, por exemplo, a dor do
membro fantasma. A técnica também permite a redução na quantidade de
medicamentos necessários para uma analgesia satisfatória”, explica a Dra. Vânia.
Segundo a
Dra. Vânia, o tratamento para casos de dores crônicas associadas à depressão abrange
16 sessões e contempla técnicas de controle do stress, gerenciamento e controlando
a ansiedade, desenvolvendo a assertividade, identificado e compreendendo o
sentimento de raiva, tristeza, melancolia e estados depressivos a fim de lidarem
adequadamente com esses sentimentos. Técnicas para a resolução de problemas,
reestruturação cognitiva, manejo do tempo e manejo da intensidade da dor também
fazem parte do programa. A prioridade é ensinar o paciente a enfrentar e
reduzir a dor por meio de treino, relaxamento, distração cognitiva e
visualização. Em um segundo momento ensiná-lo a utilizar as técnicas
cognitivas para rebater as crenças que influenciam a dor.
“A Hipnoterapia
Cognitiva tem se mostrado eficiente no tratamento da depressão associada à dor
crônica o que permite encurtar o tempo de tratamento já que a técnica faz o
cérebro experimentar o ‘gerenciamento’ da dor e registrar em seu repertório uma
nova conexão neuronal que permite ao paciente sentir-se capaz de lidar com o
problema”, finaliza.